Senador paraguaio relatou presença



O senador paraguaio Robert Acevedo, que sofreu um atentado nesta segunda-feira (26) em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, já havia relatado sobre a atuação do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região de fronteira e a dificuldade no trabalho de combate ao tráfico de drogas. Ele foi um dos entrevistados na série Crime Sem Fronteiras, do jornalista Lúcio Sturm, exibida pelo Jornal da Record entre o final de julho e o início de agosto de 2006.

Acevedo sofreu uma tentativa de assassinato nesta segunda-feira em um terminal rodoviário de Pedro Juan Caballero, fronteira com Ponta Porã (MS). Ele foi atacado por dois motociclistas que interceptaram a caminhonete e dispararam 40 tiros contra o senador e os seguranças Richard Martínez e Feliciano Alonso, que morreram na ação.

Dois brasileiros, Eduardo da Silva e Nevailton Marcos Cordeiro, foram presos por suspeita de envolvimento no atentado. A polícia paraguaia disse à imprensa local que eles são ligados ao PCC.

O repórter do Jornal da Record entrevistou o então governador na sede do governo de Amambay, na região de fronteira com o Brasil e divisa com a cidade de Ponta Porã (MS). Ele mostrou a rotina de Acevedo, que andava escoltado o tempo todo pelas ruas de Pedro Juan Caballero.

Tráfico movimenta milhões no Paraguai

A reportagem retratou Acevedo como um dos poucos políticos que tentavam combater o tráfico na região. O então governador revelou por que o PCC, facção criminosa que age dentro dos presídios no Brasil, se infiltrou no país.
Antigamente essa droga era levada, no Brasil, direto da Colômbia, do Paraguai, mas em avião. Hoje, com essa lei do abate [que permite às Forças Armadas derrubar aviões de traficantes], para nós ficou um problema, porque multiplicou o tráfico de drogas, com a presença desse pessoal do Brasil.

Na matéria, estimou-se que as quadrilhas internacionais movimentavam cerca de R$ 87,6 milhões (US$ 50 milhões) com os negócios do pó no Paraguai. Acevedo disse que as quadrilhas agiam violentamente e discretamente na região de fronteira.

- Teve casos de violência, acho que até porque não convém para eles [narcotraficantes], porque não podem bagunçar a cidade, para não matar a galinha dos ovos de ouro. Aqui é praticamente uma zona franca para o narcotráfico, tem deputados, senadores, polícias, que protegem fortemente. É difícil trabalhar.

A emboscada contra Acevedo ocorre durante uma grave crise no país vizinho. Desde o último sábado (23), cinco Departamentos (Estados) do Paraguai estão sob estado de exceção. A medida extrema foi tomada para que o governo possa caçar membros do grupo armado EPP (Exército do Povo Paraguaio).

Nesta segunda-feira (26), a crise se aprofundou com as declarações do vice-presidente Frederico Franco, que insinuou que a medida tem objetivos políticos, dizendo que o próprio presidente Fernando Lugo teria afirmado que a meta principal do estado de exceção não era perseguir o EPP.

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