A violência na fronteira entre Brasil e Paraguai se transformou em prioridade no encontro desta segunda-feira (3) entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo na cidade de Ponta Porã (MS).
Os dois líderes haviam marcado o encontro para discutir compensações ao Paraguai por vender mais barato os brasileiros parte da energia a que tem direito na hidrelétrica binacional de Itaipu.
Mas dois eventos na semana passada acabaram transformando a agenda: o atentado contra o senador Robert Acevedo, que pode estar vinculado a membros de uma facção criminosa que atua nos presídios brasileiros, e o estado de exceção decretado por Lugo para combater a guerrilha EPP (Exército do Povo Paraguaio), que atua na fronteira com o Brasil.
A violência afetou também a tranquilidade que se poderia prever para um encontro entre líderes de dois países vizinhos. Lugo deslocou cerca de 150 soldados do Exército para as ruas de Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã, para assegurar a segurança do encontro.
Na última quarta-feira, dia seguinte ao atentado ao senador, Lula foi questionado por jornalistas sobre se conversaria com Lugo sobre a atuação da facção brasileira na fronteira paraguaia e as ligações do EPP com a guerrilha colombiana das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
- Na segunda me encontrarei com Lugo para conversar seriamente sobre o que está acontecendo na fronteira. Tenho informações preliminares da inteligência brasileira.
Divisa é porta de entrada de drogas para o Brasil
O atentado contra Robert Acevedo aconteceu no segundo dia do estado de exceção decretado pelo governo paraguaio em cinco departamentos do norte, entre eles Amambay, cuja capital é Caballero, a 550 km a nordeste da capital Assunção.
Caballero e Ponta Porã estão divididos por uma avenida, e paraguaios e brasileiros trabalham em ambos os lados da fronteira. Essa é também a porta de entrada do tráfico de cocaína e maconha, e até de armas, para os grandes mercados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Robert Acevedo, o senador que sobreviveu ao atentado no último dia 27 de abril (seus dois guarda-costas morreram), vinha a tempos denunciando a atuação de narcotraficantes na região e diz ter certeza da participação da facção criminosa brasileira no atentado.
Após o incidente, ele voltou a dizer que a divisa entre Ponta Porã e Caballero se transformou em uma "narcossociedade", que domina a vida da população.
A reunião entre os dois presidentes está prevista para a manhã desta segunda-feira na avenida que separa Caballero e Ponta Porã. Depois, os presidentes irão à sede da Primeira Divisão de Cavalaria de Ponta Porã, onde acontece a reunião.
Brasil vai construir linha de transmissão
Brasil e Paraguai discutem a construção de uma linha de transmissão para levar energia de Itaipu para Assunção, capital do Paraguai.
O governo brasileiro concordou em executar a obra na época em que os dois países negociaram o aumento da tarifa paga pelo Brasil sobre o excedente paraguaio da energia produzida na usina. A obra tem cerca de 300 km.
Na última quinta-feira, Lula se reuniu com os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e de Minas e Energia, Márcio Zimmerman, para discutir o assunto.
Ao final do encontro, Amorim afirmou que faltam detalhes técnicos para definir como a linha será construída.
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