Um ano depois, frustração de parentes do voo 447 só aumentou



Nesta terça-feira (1º), enquanto cerimônias organizadas pela Air France em Paris e no Rio de Janeiro vão homenagear as vítimas do voo AF 447, familiares em ambos os lados do Atlântico terão que lidar com a frustração de, um ano após o acidente que matou 228 pessoas, terem poucas respostas para as causas da tragédia.

Sem dispor das caixas-pretas, equipamentos que gravam todos os dados do voo até o momento da queda, os investigadores do BEA (Escritório de Investigações e Análises) - órgão francês responsável por estabelecer as causas do acidente - não conseguiram determinar o que levou o Airbus A330 a se chocar contra o oceano na madrugada do dia 1º de junho de 2009.

A única certeza, até agora, é de que os chamados 'tubos pitot', sondas responsáveis por medir a velocidade do ar, falharam. De acordo com especialistas ouvidos pelo, isso poderia levar os pilotos a entrarem em uma zona de turbulência na velocidade inadequada. O BEA diz, no entanto, que somente essa falha não justifica a queda.

Daniela Moreira Henriques, que perdeu a irmã Adriana, de 27 anos, na tragédia, disse ao não acreditar que essas sejam as únicas informações de que o comitê investigador dispõe.

- Acreditamos que eles têm mais informações do que essas que foram divulgadas. Estamos só esperando as investigações andarem mais um pouco para então entrar com ações na Justiça.

Na semana passada, o BEA anunciou a suspensão das buscas pelas caixas-pretas no fundo do oceano. O comitê informou que vai analisar as informações coletadas até agora para decidir se continua ou não a operação.

Para Daniela, o trabalho feito para tentar recuperar as caixas-pretas do fundo do oceano não foi suficiente.

- Como não encontraram nada, eu acho que o que fizeram não foi suficiente. A gente só gostaria de um pouco mais de transparência, porque nao é possível que não haja mais informação.

Presidente de associação vai a Paris para protestar

O presidente da Associação de Familiares das Vítimas do Voo 447, Nelson Faria Marinho, que está em Paris, disse ao que não foi à capital francesa para participar de uma cerimônia de homenagem.

- Eu não vim aqui para o cerimonial, vim aqui para protestar contra tudo isso que está acontecendo.

Marinho, que perdeu um filho na tragédia, critica a companhia área francesa e afirma que a empresa não dá assistência às famílias das vítimas.

- Para mim, essa cerimônia é uma cortina de fumaça. Eles organizam homenagens, mas enquanto isso tem família que precisa de atendimento e não recebe.

De acordo com familiares ouvidos pelo, a Air France se dispôs a pagar dez sessões de acompanhamento psicológico aos parentes das vítimas, interrompendo a ajuda depois.

Marinho também critica a postura da Air France em relação às indenizações devidas aos familiares, dizendo que a empresa tenta a todo o custo diminuir o valor da compensação. Segundo apurou o R7, a maioria dos familiares optou por entrar com ações contra a companhia aérea nos Estados Unidos e na França, por considerar que a câmara de indenizações montada no Brasil não está conduzindo o trabalho da maneira desejada.

Procurada pela reportagem do para comentar as declarações dos familiares, a Air France informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não poderia se pronunciar sobre o acidente com o voo 447 por ser alvo de processos judiciais decorrentes da tragédia.

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